sábado, 30 de julho de 2016

O início

Curaçao, 30 de Julho de 2016

Como todo início, nem tudo é fácil. Chegamos em Curaçao no dia 30/06 de mala e cuia e caímos direto dentro do nosso barco, nossa nova casa. Para as crianças uma grande novidade: as cabines, a rede da frente do catamarã, as iguanas que passeiam pela Marina, o campo de golf que tem aqui ao lado e a vida a bordo em geral.


Já para nós adultos têm sido dias de muito trabalho arrumando tudo o que trouxemos e tentando fazer o milagre de fazer caber nossas vidas dentro de pequenos armários e porões.

Nos demos conta também da quantidade de manutenções e consertos que também envolve a vida a bordo – foram várias saídas às lojas pra comprar peças, idas e vindas para provisionar o barco. A cada coisa que reparávamos achávamos outras duas pelo caminho – e nossa lista só engordava.
O maior desafio tem sido orquestrar tudo isso e ao mesmo tempo atender a demanda das crianças que querem atenção em tempo integral. Tem dia que encerramos exaustos, com corpo dolorido e cabeça cansada.

Aos poucos temos tentado nos dividir nas tarefas diárias e também equilibrar nossos dias entre trabalho e diversão. Começamos a ir para praia de bote jogar frescobol, futebol, procurar peixes, fazer caminhadas.  Tornando os dias mais leves pra eles e pra gente também.


Aqui no barco tudo é mais intenso comparado com a vida na cidade – o convívio, os sentimentos, os dias…E estamos aprendendo a lidar com isso também. Mas confesso que não é fácil principalmente pelas crianças, que acordam querendo atenção e passam o dia inteiro desta forma.

Às vezes ajudam muito a gente nas tarefas diárias do barco, mas às vezes estão indispostos e reclamam da nova vida. O fato de serem dois meninos e de idades bem próximas (6 e 8 anos) ajuda por um lado, pois brincam muito juntos, mas por outro, vez ou outra brigam e sentem falta de outras crianças e dos amigos do Brasil.

Este início tem sido sim um grande desafio físico e principalmente emocional, mas é o início de uma nova vida e aos poucos vamos nos adaptando.

Nos próximos dias escrevo sobre o nosso dia a dia e as novas amizades e sobre como estamos nos adaptando.

**** TEXTO PRODUZIDO PARA A REVISTA PAIS & FILHOS


sábado, 9 de julho de 2016

Pessoas boas pelo caminho

Curaçao 9 de Julho de 2016.

Bom demais saber que várias pessoas ainda se importam com pessoas e querem de verdade ajudar. E é exatamente isso que temos vivido. 

Ainda no Brasil entramos em contato com pessoas que viveram ou vivem a bordo.. e sempre fomos surpreendidos com corações abertos e vontade genuína de ajudar. Tatiana e Alcides do Ocean - casal que esta vivendo a bordo e fazem charter aqui no Caribe é um grande exemplo disso - uma querida, não a conheço pessoalmente mas é como se conhecesse..ela tem nos ajudado desde a primeira vez que nos falamos. Estamos quase dando aquele abraço apertado de amigas de muito tempo. 

Outra estória bem legal é Guta do veleiro Guraça - ela e o marido deram a volta ao mundo em seu catamaran e muito nos inspiraram com seus vídeos divertidos. Hoje eles estão de volta no Brasil vivendo de charter (acho que estão atualmente em Paraty). Pena que ainda não conseguimos encontrar pessoalmente e dar aquele abraço.. mas um dia com certeza. 

E hoje conheci (virtualmente) a Val, amiga da Tatiana, que mora aqui em Curaçao e que nos colocou em um grupo no WhatsApp de brasileiros que moram em Curaçao e que se ajudam.. E choveu mensagem de boas vindas e de "..estamos aqui pra ajudar vcs!!!!"

Mas não parou por aí não, no dia em que chegamos na Marina foi aquela confusão com as bagagens na saída do taxi e quando olhamos já veio um cara caminhando na nossa direção com o carrinho de mão da marina e ali parou para nos ajudar. Bom, pensamos..trabalha na Marina. O coitado fez várias viagens com nossas caixas... E por fim ele disse .."prazer, meu nome é Nelson estou naquele barco ali.. Viemos da Venezuela. Sejam bem vindos!",  👏👏👏 Começamos bem!!!

No dia seguinte percebemos um movimento no barco ao lado. E imediatamente nosso vizinho veio se apresentar.. Casal de franceses Izabel e Sylvain que já viajam por 8 anos no mar. E aí foi..várias dicas de rota, de Provisionamento para o barco..

E de passagem - como brasileiro/carioca comentamos sobre fazermos um churrasco qualquer dia... e no dia seguinte ele passou e perguntou.. " é hoje o churrasco?" E assim inauguramos nossa churrasqueira com nossos novos vizinhos e amigos. Casal simpático, variasssss dicas, papo gostoso, sempre querendo ajudar..e, assim tem sido um por do sol atrás do outro. 

O que posso dizer? Agora sim, FELIZ!! ❤️ e muito... 

Valeu a pena todo o esforço pra chegarmos até aqui!!



terça-feira, 5 de julho de 2016

Se fosse fácil não seria tão bom

Curaçao, 5 de Julho de 2016

De repente me vi saindo do meu apartamento com minha vida empacotada em poucas caixas para morar em uma casa flutuante - isso depois de 6 meses vendendo tudo o que podia, o tempo voou. 

O barco eu não conhecia, vi apenas por foto.. meu marido foi quem escolheu, comprou e pronto. Fomos de mala e cuia. Mas a travessia não foi fácil - nossas vidas entraram em 6 caixas, duas malas e um monte de bagagem de mão. Corremos pra pegar taxi, e tome mala pra lá e pra cá.. 23:00hs, criança dormindo espalhada pelo aeroporto, fila mega do ckeckin, excesso de bagagem, embarque imediato. 

Passamos a noite em claro, paramos no Panamá carregamos de novo as malas.. Corre-corre, última chamada de embarque.... Uiiii.. Se fosse fácil, qual seria a graça, não é ?! Enfim, chegamos em Curaçao! ufa. De novo corre-corre.. Colocamos tudo em 4 carrinhos, cada criança empurrando um carrinho batendo aqui e ali, ok! O importante é ajudar. 

Pisando em Curaçao já começamos a sentir a diferença..taxistas mulheres, atenciosas, preocupadas em ajudar a família do Excesso de bagagem. Quem nos levou até a Marina foi uma moça simpaticíssima com um furgão super-mega enfeitado - Wi-Fi (kkkk isso Wi-Fi no taxi!), flores no teto e elevador para as malas. A gente boa nos deixou na Marina e tirou várias fotos da família para colocar na página do facebook dela. Acho que ela nunca levou tanta tralha junto...

...enfim chegamos no barco.

Meu querido cunhado me preparou muito bem para o que eu ia encontrar, baixando minhas expectativas -  "...não dá pra morar, não tem espaço!!", dizia ele. Então vim preparada para o pior. Obrigada Cunhado!  Isso facilitou muito pois já entrei no barco pensando.. Não vai dar!!  Mas em três a quatro dias de trabalho tudo ficou em seu devido lugar. E acreditem.. Sobrou espaço, Uhuuuuu!!! Vai dar certo!!  Ufa !

(ps: não dá pra culpar o cunhado - nós é que viemos neste últimos anos nos adaptando a espaços menores - vivendo com um frigobar neste últimos 6 meses, por exemplo).

Neste começo decidimos também alugar um carro pois a ilha é grande e nossa Marina fica em um extremo da Ilha. Aqui venta muito e (graças a Deus!) não sentimos aquela sensação de calor infernal. A Marina é super tranquila, temos vizinhos da Venezuela e da França. 

Estamos parados em frente a um mega campo de golfe e as ruazinhas pelas quais os carrinhos de golfe percorrem tem servindo muito para os nossos exercícios e para as crianças brincarem com o skatenet. 

Quase todos os dias temos saído de dinghy (bote) pra conhecer os cantos da Spaanse Water (baia onde fica nossa Marina). Tirar o bote do catamaran é sempre uma aventura - todos se espremem no fundo do bote para não bater a cabeça quando passamos por baixo do barco - tudo é diversão para os meninos. O Bruno comanda o motor do bote na ida e o Lucca na volta, assim é o combinado. 

Aceleram para planar como recomenda o pai e por vezes vamos até nosso ponto preferido - o bar Boca 19 - um barzinho delicia que fica no alto com vista privilegiada de onde podemos ver as crianças brincando em baixo em uma praia privativa do Hotel da Marina - segura, clara e privativa - de lá já assistimos jogos de futebol, vários por do sol, jogamos frescobol, futebol. Já conhecemos os donos, as garçonetes.. Estamos em casa! 😜

Até agora conhecemos muito pouco da parte turística de Curaçao dado todo esforço com a arrumação do barco. Mas por outro lado estamos fera nas lojas - tivemos um problema com o botijão de gás que era francês e aqui não tem como encher e por conta disso conhecemos muitos  mercados.. São muitossss, de todos os tipos e eles têm de tudooooo. Adorei! CostULess, Best buy, mangusa, Todos excelentes!

O que eu mais gostei foi o Mangusa - tem de tudo! Achamos feijão preto, os biscoitos que as crianças gostam, meu óleo de coco orgânico, verduras orgânicas, excelentes frutas, carnes, ÓTIMO!!!

Mudando um pouco o assunto...  "bom bini"  é bem-vindo em papiamento, uma das quatro línguas da ilha. Mas os habitantes falam também holandês, espanhol e inglês que aprendem na escola. Mas a língua predominante é mesmo papiamento, uma mistura de holandês, espanhol, português e influências dos dialetos africanos e da língua dos nativos arauak. 

Papiamento vem de ''papear''. Diz a lenda que a língua foi criada pelos escravos negros, que não queriam que o colonizador europeu entendesse o que eles estavam falando. Pra mim tem funcionado bem, não entendo nada. Apenas umas palavras soltas.  Os meninos têm se virado bem no Inglês, sem problema - e por falar neles - temos curtido muito tempo juntos. Os meninos têm ajudado muito nas tarefas diárias, eles vão contar um pouco do que estão vivendo no Blog deles - e prometo não interferir no que eles têm a dizer, ok?! 

E seguimos na preparação do barco..