segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Aventuras em Bonaire, uma ilha paradisíaca

Curaçao, 10 de Outubro de 2016.

Bonaire é uma ilha pequena, com um mar azul turquesa incrível, uma Vila gostosa, com clima de veraneio e cheia de pessoas simpáticas. O lugar respira “diving” com vários pontos de mergulho espalhados e devidamente marcados ao longo da ilha. A coisa é tão comum que as pessoas param o carro, atravessam a rua, cruzam a praia andando com o equipamento nas costas e entram na água para o mergulho.

Passamos o mês inteiro de setembro em Bonaire e só levamos boas recordações. Os nossos dias começavam às 7h30 com a escola, parávamos para um intervalo intercalado entre lanche e mergulhos, e nossas manhãs encerravam com um almoço no barco ou uma vez por semana com o prato do dia em um restaurante em frente onde estamos parados.

A temporada é de muito calor e quando podíamos escapar para um ar condicionado era um alívio pra família e passávamos horas curtindo o fresquinho. A sorveteria também entrava na nossa rotina do dia e também acostumamos a passar algumas horas por lá. Bem ampla, com mesas confortáveis e um ar condicionado maravilhoso… passamos a chamar ela de “nosso escritório”, e por vezes chegávamos com computador, livros, iPads e de lá “trabalhávamos” confortavelmente.

Em frente à Bonaire está Klein Bonaire, uma ilhota plana com vários pontos de mergulho, a água é incrível. Por diversos dias deslocamos o barco para frente da ilha e passamos o dia lá mergulhando por horas. A ilha também oferece duas churrasqueiras para os turistas e a gente que adora um churrasquinho, claro que fizemos o nosso por lá e curtimos um lindo dia de praia com amigos do mar.
Alugamos um carro por dois dias e aproveitamos para rodar por toda a ilha. Conhecemos JaibeCity, um lugar super gostoso ao sul com barzinho que da para passar horas estirado na cadeira olhando as pessoas praticando windsurf ou kitesurf. É daquelas praias que você anda, anda, anda e a água não passa da cintura. Os meninos adoraram.

Passeamos também por salinas, por um parque ecológico que você entra de pick-up e vê paisagens incríveis, muitas iguanas, cabritos e lagos salgados com muitos flamingos.

Grande parte de Bonaire é inabitada… O que é fácil de entender afinal, como a ilha é muito plana o visual é desértico com muita terra seca e mata espinhenta. Difícil imaginar um bicho vivendo e se criando por lá (exceção as iguanas e cabritos que parecem se adaptar muito bem ao estilo do lugar).

Mas o que encanta mesmo nesse lugar é o mar, a sensação é de estarmos em um aquário natural dado tamanha variedade de peixes, corais e vida marinha em geral. Os peixes e tartarugas são tão inocentes que quase tocam na gente. Em baixo do nosso barco formou-se uma grande colônia de peixes variados que sempre se aproximam na espera de um pedaço de pão… um pouco mais e vamos dar nome a cada um deles.

Muitos dias os meninos não queriam passear na vila para apenas ficar mergulhando da proa do barco e explorar o fundo de snorkel.

Gastamos nosso tempo também com passeios de caiaque, rodando os pontos de mergulho na frente da vila e aproveitando para catar o lixo do fundo que vez ou outra encontrávamos.

Incrível como os meninos estão se desenvolvendo. Parece que a cada dia estão maiores e mais espertos. Estão aprendendo muito não só com homeschooling, mas principalmente com tudo o que está a nossa volta.

Todos os dias surge uma curiosidade diferente: “…como surgiu Bonaire?”… ou “por que aquela ilha surgiu ali?”, e por horas nos embrenhamos nas explicações e damos exemplos, estimulando as crianças a pensarem em suas próprias respostas. Incrível ver os olhinhos brilhando com um mundo novo de informações sendo descoberto.

Nossa ideia inicial era ficar em Bonaire até meados de outubro, mas com a previsão da chegada de um furacão no meio do Caribe decidimos antecipar nossa ida para Curaçao onde o abrigo é mais seguro.

Escolhemos ficar no sul do Caribe justamente por ser protegido de furacões. E quando eles passam por perto atinge sempre mais de 200km de distância, o que já provoca vento e ondas maiores mas sem muitos danos. Bonaire, apesar de estar na mesma altura (latitude) de Curaçao pode sofrer um pouco mais, pois se o vento inverter de direção o local da ancoragem e a vila principal ficam muito expostos, e por isso antecipamos nossa partida.

A conclusão é que nossa prudência valeu a pena. As previsões se confirmaram… o furacão passou longe, Bonaire tomou ondas de frente e não vimos nada, pois estávamos seguramente amarrados em uma Marina em Curaçao, muito bem abrigada de vento e mar.

A temporada de furacões se encerra em novembro, data em que devemos rumar norte para Porto Rico, Ilhas Virgens e Bahamas.

Nesse mês de outubro estamos aguardando a visita de nossos parentes aqui em Curaçao. E a saudade aqui já está grande.



















sábado, 10 de setembro de 2016

O Maior Desafio

Bonaire, 10 de Setembro de 2016

Estamos entrando no terceiro mês da vida a bordo. Já estamos bem adaptados com a casa flutuante e com a rotina do dia a dia. Nossa vida até aqui vinha no ritmo de férias... Mas tudo mudou semanas atrás com o reinício do ano escolar. Talvez este seja o maior desafio que enfrentamos até o momento. 

Optamos pela Calvert School - uma escola americana de ensino à distância (homeschooling) muito usada por outros cruzeiristas. Recebemos todo o material via correio em Curaçao com caixas e caixas de livros e apostilas de matemática, ciências, literatura, história, geografia, artes, etc.

Junto com todo o material também recebemos um manual para os pais com instruções e dicas diárias de como explicar a matéria detalhadamente para eles. Muito interessante a proposta. Mas um grande desafio na verdade pra pessoas como a gente - sem experiência no assunto.

Eu e o Rodrigo nunca tínhamos dado uma aula. Nunca tínhamos pensado na ideia de fazer isso um dia. Além de darmos a matéria em Inglês, precisamos que eles mantenham a atenção voltada para o assunto e que realmente entendam o que está sendo dado. Isso, dentro de um barco... cheio de diversão a volta e com um mar cristalino te convidando a dois passos de distância.

A primeira semana não foi fácil, o calor, as ondulações, a dor de barriga, fome, o xixi, o barulho da gaivota, um peixe pulando, o cansaço... tudo foi motivo usado por eles para tentar parar as aulas. Chegamos no fim da primeira semana desanimados e pensando "...acho que isso não vai dar certo."

Todos os dias eles fazem matemática, spelling, composição e reading. Ciências, geografia, estudos sociais e história da Grécia são intercaladas. Eles também fazem bastante atividades via web e isso ajuda a dar uma quebrada na aula também. Todo fim de dia eles fazem também via internet um "checkpoint" no site da escola - uma espécie de provinha - pra testar e medir se apreenderam o que foi dado no dia.

E com o tempo e com a dinâmica das matérias se repetindo diariamente, aos poucos, um dia por vez, a coisa foi se encaixando e fomos todos pegando o jeito. No início demorávamos de 8 da manhã as 5 da tarde e ainda sim não conseguíamos finalizar todas as matérias do dia. Mas agora já estamos conseguindo concluir o dia até a hora do almoço.

Eu e Rodrigo estamos nos dividindo entre as matérias e intercalando com os meninos. O Rodrigo tem muita habilidade para ensinar sempre buscando dar exemplos de alguma coisa que está a nossa volta ou algo que já vivemos algum dia. Tem futuro como professor. Já eu, fico colocando a matéria em gráficos coloridos para que eles possam visualizar o que foi dado e fazemos sempre um review do dia anterior. 

Todas as funções no barco foram deixadas de lado nesse momento e estamos entrando de cabeça nessa nova e grande etapa. E nisso Bonaire também está sendo perfeito pois estamos amarrados confortavelmente em uma poita (boia) a cerca de 40 metros de um Pier com uma bela Vila com comércio a nossa volta. Inclusive tem uma sorveteria muito boa que temos usado como premiação para quem consegue cumprir bem suas obrigações. Ou seja, bem confortável para podermos focar nos estudos.

Pra finalizar... Depois de viver intensamente esta experiência passamos a entender ainda mais o valor e o desafio que tem os professores. Fica aqui toda o nosso agradecimento, admiração e respeito a todas as pessoas que se dedicam a essa tarefa tão especial e tão difícil que é educar.


Bruno assistindo videos e fazendo o checkpoint da Calvert on line. Diariamente eles entram
na internet fazem o " checkpoint"  do dia (um tipo de pequena prova para confirmar o aprendizado do dia)





domingo, 14 de agosto de 2016

Mudança de planos

Curaçao, 14 de Agosto de 2016.
Morar a bordo é assim, já percebemos que podemos até planejar mil coisas mas elas podem mudar a todo momento. Mesmo que tenhamos muitos planos de viagens, precisamos controlar a nossa ansiedade, ter calma e realmente viver um dia de cada vez.
Estávamos planejando sair de Curaçao esta semana e conhecer a ilha de Bonaire tão falada pelos mergulhadores pela água claríssima e grande variedade de vida marinha. Mas vamos ter que adiar nossos planos por algumas semanas.
Depois que o Rodrigo fez um mergulho junto com os meninos para limpar o fundo do barco (o trabalho aqui é sempre em equipe) percebeu que o fundo já não está muito bom.
A água salgada em contato com o barco acaba com a tinta e o fundo fica cheio de cracas (tipo mariscos) e quanto mais elas cresçam mais forte elas ficam aderidas no casco e mais lento e feio o barco fica. Para prevenir esse problema é preciso pintar o casco do barco a cada um ou dois anos com uma tinta venosa.
No nosso caso a pintura do fundo até que poderia esperar mais um ou dois meses, mas o que mais nos incomodou foi uma pequena folga que encontramos no nosso leme – essa, sim, podendo se tornar um problema muito maior. Já imaginou perder o leme em alto mar?
A conclusão é que vamos tirar a nossa casa da água para uma semana de trabalho e adiar um pouco a nossa primeira pequena e tão esperada travessia. Já entramos em contato com uma outra Marina daqui de Curaçao, e iremos até lá para uma semana intensa de pintura e revisões.
Morar a bordo, além do trabalho, tem suas surpresas (boas e ruins) e desafios. Mas a males que vem para o bem. Antecipar a subida do barco significa também prevenir problemas futuros.
Com o barco no seco nossa vida deve dar uma boa bagunçada, pois não poderemos usar o banheiro, tomar banho, lavar louça..  Que tal ?! Mas a nossa maior preocupação é mesmo com as crianças. Como vai ser para eles uma semana sem o mar azul preso em um estaleiro quente?
Hoje eles estão curtindo muito a praia, passam horas mergulhando procurando peixes, passam horas fazendo buraco na areia e brincando de mil coisas. Aliás, eles não precisam de muita coisa pra se divertir: apenas a água, areia, umas pedrinhas, uns galhos e a imaginação vai longe. Dá prazer ficar olhando os nossos filhos tão livres e felizes. A cada semana eles estão mais à vontade no barco e na nova vida. 

Enfim, vamos ver como será mais este etapa. Em breve mandarei notícias do “seco”, literalmente.



**** TEXTO PRODUZIDO PARA A REVISTA PAIS & FILHOS
http://www.paisefilhos.com.br/blogs-e-colunistas/raquel-ganimi/mudancadeplanos/

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Amizades

Curaçao, 5 de Agosto de 2016 

Muitos acham que a vida no mar é uma vida solitária, diferente da cidade, onde a vida social é ativa e as amizades são diversas. Em poucos dias por aqui pudemos provar o contrário.No dia seguinte que chegamos na Marina já percebemos um movimento no barco colado ao nosso. Logo, os franceses Sylvian e Isabel vieram se apresentar.


O casal é muito experiente no mar. Há mais de 20 anos costuma passar longos períodos a bordo velejando e trabalhando do barco. Já cruzou o Atlântico, rodarou o Caribe e pretende ir para o Pacífico em breve. A amizade foi imediata. Eles foram super simpáticos, prestativos e muito nos ajudaram nos nossos primeiros 15 dias a bordo. Visitamos o barco deles e lá aprendemos muito sobre organização e provisionamento. O barco, inclusive, é impecável, extremamente organizado. Do Sylvian, vieram várias dicas de ancoragem e manutenções preventivas.



A vida no mar é curiosa. Tudo é mais intenso. Cada dia de convivência vale por meses. E em poucos dias parecia que éramos amigos de muitos anos. Fizemos um churrasco brasileiro para eles no Itacaré e eles fizeram um jantar francês para nós no Oxygen – do jeito tradicional como um jantar francês deve ser: entrada, prato principal, queijos, sobremesa e muito vinho. Foi uma delícia.


Em pouco tempo eles seguiram viagem rumo as ilhas da Venezuela (Los Aves e Los Roques). As crianças sentiram – apesar do pouco tempo, elas também tinham criado vínculo. Passaram a semana seguinte um pouco tristinhos dizendo que não tinham amigos e até mencionando que gostariam de voltar para o Brasil.


Nessa hora que a gente precisa se desdobrar para dar mais atenção a eles e se dividir com as tarefas diárias que a vida a bordo exige. Mas aos poucos eles vão se adaptando e percebendo que por aqui será assim: novas amizades a cada dia, intensas, e que vem e vão… Às vezes, rápido demais.


Na semana seguinte estávamos atracados em um Pier na entrada do canal aqui em Curaçao quando dois barcos cruzaram nosso lado com umas bandeiras lindas verde e amarelo na popa. Nossa reação foi expontânea: “Brasiiilllll!!!!”, gritamos para eles em coro.


Os barcos Gentileza e Arthi – vindos de Bonaire (uma ilha próxima a Curaçao) chegaram para dar mais movimento e alegria aos nossos dias. Foi uma festa!! É incrível como ficamos carentes de amigos e de companhia.





Os meninos arrumaram duas amiguinhas de 5 e 13 anos e ficaram felizes da vida. Já fizemos churrascos, jantares, caminhadas, e assim nossos dias ficaram mais agitados. O vai e vem das crianças de um barco pro outro é como a vida normal na cidade dentro de um condomínio. A diferença é que nossa casa boia.


Estamos planejando a nossa saída de Curaçao para as próximas semanas quando iremos para Bonaire. Será nossa primeira travessia em família e os meninos não vêem a hora de encarar o mar aberto.

Com certeza novas amizades nos esperam pois a vida no mar é assim – e a felicidade somente é plena quando ela é compartilhada.







**** TEXTO PRODUZIDO PARA A REVISTA PAIS & FILHOS
http://www.paisefilhos.com.br/blogs-e-colunistas/raquel-ganimi/amizades/



sábado, 30 de julho de 2016

O início

Curaçao, 30 de Julho de 2016

Como todo início, nem tudo é fácil. Chegamos em Curaçao no dia 30/06 de mala e cuia e caímos direto dentro do nosso barco, nossa nova casa. Para as crianças uma grande novidade: as cabines, a rede da frente do catamarã, as iguanas que passeiam pela Marina, o campo de golf que tem aqui ao lado e a vida a bordo em geral.


Já para nós adultos têm sido dias de muito trabalho arrumando tudo o que trouxemos e tentando fazer o milagre de fazer caber nossas vidas dentro de pequenos armários e porões.

Nos demos conta também da quantidade de manutenções e consertos que também envolve a vida a bordo – foram várias saídas às lojas pra comprar peças, idas e vindas para provisionar o barco. A cada coisa que reparávamos achávamos outras duas pelo caminho – e nossa lista só engordava.
O maior desafio tem sido orquestrar tudo isso e ao mesmo tempo atender a demanda das crianças que querem atenção em tempo integral. Tem dia que encerramos exaustos, com corpo dolorido e cabeça cansada.

Aos poucos temos tentado nos dividir nas tarefas diárias e também equilibrar nossos dias entre trabalho e diversão. Começamos a ir para praia de bote jogar frescobol, futebol, procurar peixes, fazer caminhadas.  Tornando os dias mais leves pra eles e pra gente também.


Aqui no barco tudo é mais intenso comparado com a vida na cidade – o convívio, os sentimentos, os dias…E estamos aprendendo a lidar com isso também. Mas confesso que não é fácil principalmente pelas crianças, que acordam querendo atenção e passam o dia inteiro desta forma.

Às vezes ajudam muito a gente nas tarefas diárias do barco, mas às vezes estão indispostos e reclamam da nova vida. O fato de serem dois meninos e de idades bem próximas (6 e 8 anos) ajuda por um lado, pois brincam muito juntos, mas por outro, vez ou outra brigam e sentem falta de outras crianças e dos amigos do Brasil.

Este início tem sido sim um grande desafio físico e principalmente emocional, mas é o início de uma nova vida e aos poucos vamos nos adaptando.

Nos próximos dias escrevo sobre o nosso dia a dia e as novas amizades e sobre como estamos nos adaptando.

**** TEXTO PRODUZIDO PARA A REVISTA PAIS & FILHOS


sábado, 9 de julho de 2016

Pessoas boas pelo caminho

Curaçao 9 de Julho de 2016.

Bom demais saber que várias pessoas ainda se importam com pessoas e querem de verdade ajudar. E é exatamente isso que temos vivido. 

Ainda no Brasil entramos em contato com pessoas que viveram ou vivem a bordo.. e sempre fomos surpreendidos com corações abertos e vontade genuína de ajudar. Tatiana e Alcides do Ocean - casal que esta vivendo a bordo e fazem charter aqui no Caribe é um grande exemplo disso - uma querida, não a conheço pessoalmente mas é como se conhecesse..ela tem nos ajudado desde a primeira vez que nos falamos. Estamos quase dando aquele abraço apertado de amigas de muito tempo. 

Outra estória bem legal é Guta do veleiro Guraça - ela e o marido deram a volta ao mundo em seu catamaran e muito nos inspiraram com seus vídeos divertidos. Hoje eles estão de volta no Brasil vivendo de charter (acho que estão atualmente em Paraty). Pena que ainda não conseguimos encontrar pessoalmente e dar aquele abraço.. mas um dia com certeza. 

E hoje conheci (virtualmente) a Val, amiga da Tatiana, que mora aqui em Curaçao e que nos colocou em um grupo no WhatsApp de brasileiros que moram em Curaçao e que se ajudam.. E choveu mensagem de boas vindas e de "..estamos aqui pra ajudar vcs!!!!"

Mas não parou por aí não, no dia em que chegamos na Marina foi aquela confusão com as bagagens na saída do taxi e quando olhamos já veio um cara caminhando na nossa direção com o carrinho de mão da marina e ali parou para nos ajudar. Bom, pensamos..trabalha na Marina. O coitado fez várias viagens com nossas caixas... E por fim ele disse .."prazer, meu nome é Nelson estou naquele barco ali.. Viemos da Venezuela. Sejam bem vindos!",  👏👏👏 Começamos bem!!!

No dia seguinte percebemos um movimento no barco ao lado. E imediatamente nosso vizinho veio se apresentar.. Casal de franceses Izabel e Sylvain que já viajam por 8 anos no mar. E aí foi..várias dicas de rota, de Provisionamento para o barco..

E de passagem - como brasileiro/carioca comentamos sobre fazermos um churrasco qualquer dia... e no dia seguinte ele passou e perguntou.. " é hoje o churrasco?" E assim inauguramos nossa churrasqueira com nossos novos vizinhos e amigos. Casal simpático, variasssss dicas, papo gostoso, sempre querendo ajudar..e, assim tem sido um por do sol atrás do outro. 

O que posso dizer? Agora sim, FELIZ!! ❤️ e muito... 

Valeu a pena todo o esforço pra chegarmos até aqui!!



terça-feira, 5 de julho de 2016

Se fosse fácil não seria tão bom

Curaçao, 5 de Julho de 2016

De repente me vi saindo do meu apartamento com minha vida empacotada em poucas caixas para morar em uma casa flutuante - isso depois de 6 meses vendendo tudo o que podia, o tempo voou. 

O barco eu não conhecia, vi apenas por foto.. meu marido foi quem escolheu, comprou e pronto. Fomos de mala e cuia. Mas a travessia não foi fácil - nossas vidas entraram em 6 caixas, duas malas e um monte de bagagem de mão. Corremos pra pegar taxi, e tome mala pra lá e pra cá.. 23:00hs, criança dormindo espalhada pelo aeroporto, fila mega do ckeckin, excesso de bagagem, embarque imediato. 

Passamos a noite em claro, paramos no Panamá carregamos de novo as malas.. Corre-corre, última chamada de embarque.... Uiiii.. Se fosse fácil, qual seria a graça, não é ?! Enfim, chegamos em Curaçao! ufa. De novo corre-corre.. Colocamos tudo em 4 carrinhos, cada criança empurrando um carrinho batendo aqui e ali, ok! O importante é ajudar. 

Pisando em Curaçao já começamos a sentir a diferença..taxistas mulheres, atenciosas, preocupadas em ajudar a família do Excesso de bagagem. Quem nos levou até a Marina foi uma moça simpaticíssima com um furgão super-mega enfeitado - Wi-Fi (kkkk isso Wi-Fi no taxi!), flores no teto e elevador para as malas. A gente boa nos deixou na Marina e tirou várias fotos da família para colocar na página do facebook dela. Acho que ela nunca levou tanta tralha junto...

...enfim chegamos no barco.

Meu querido cunhado me preparou muito bem para o que eu ia encontrar, baixando minhas expectativas -  "...não dá pra morar, não tem espaço!!", dizia ele. Então vim preparada para o pior. Obrigada Cunhado!  Isso facilitou muito pois já entrei no barco pensando.. Não vai dar!!  Mas em três a quatro dias de trabalho tudo ficou em seu devido lugar. E acreditem.. Sobrou espaço, Uhuuuuu!!! Vai dar certo!!  Ufa !

(ps: não dá pra culpar o cunhado - nós é que viemos neste últimos anos nos adaptando a espaços menores - vivendo com um frigobar neste últimos 6 meses, por exemplo).

Neste começo decidimos também alugar um carro pois a ilha é grande e nossa Marina fica em um extremo da Ilha. Aqui venta muito e (graças a Deus!) não sentimos aquela sensação de calor infernal. A Marina é super tranquila, temos vizinhos da Venezuela e da França. 

Estamos parados em frente a um mega campo de golfe e as ruazinhas pelas quais os carrinhos de golfe percorrem tem servindo muito para os nossos exercícios e para as crianças brincarem com o skatenet. 

Quase todos os dias temos saído de dinghy (bote) pra conhecer os cantos da Spaanse Water (baia onde fica nossa Marina). Tirar o bote do catamaran é sempre uma aventura - todos se espremem no fundo do bote para não bater a cabeça quando passamos por baixo do barco - tudo é diversão para os meninos. O Bruno comanda o motor do bote na ida e o Lucca na volta, assim é o combinado. 

Aceleram para planar como recomenda o pai e por vezes vamos até nosso ponto preferido - o bar Boca 19 - um barzinho delicia que fica no alto com vista privilegiada de onde podemos ver as crianças brincando em baixo em uma praia privativa do Hotel da Marina - segura, clara e privativa - de lá já assistimos jogos de futebol, vários por do sol, jogamos frescobol, futebol. Já conhecemos os donos, as garçonetes.. Estamos em casa! 😜

Até agora conhecemos muito pouco da parte turística de Curaçao dado todo esforço com a arrumação do barco. Mas por outro lado estamos fera nas lojas - tivemos um problema com o botijão de gás que era francês e aqui não tem como encher e por conta disso conhecemos muitos  mercados.. São muitossss, de todos os tipos e eles têm de tudooooo. Adorei! CostULess, Best buy, mangusa, Todos excelentes!

O que eu mais gostei foi o Mangusa - tem de tudo! Achamos feijão preto, os biscoitos que as crianças gostam, meu óleo de coco orgânico, verduras orgânicas, excelentes frutas, carnes, ÓTIMO!!!

Mudando um pouco o assunto...  "bom bini"  é bem-vindo em papiamento, uma das quatro línguas da ilha. Mas os habitantes falam também holandês, espanhol e inglês que aprendem na escola. Mas a língua predominante é mesmo papiamento, uma mistura de holandês, espanhol, português e influências dos dialetos africanos e da língua dos nativos arauak. 

Papiamento vem de ''papear''. Diz a lenda que a língua foi criada pelos escravos negros, que não queriam que o colonizador europeu entendesse o que eles estavam falando. Pra mim tem funcionado bem, não entendo nada. Apenas umas palavras soltas.  Os meninos têm se virado bem no Inglês, sem problema - e por falar neles - temos curtido muito tempo juntos. Os meninos têm ajudado muito nas tarefas diárias, eles vão contar um pouco do que estão vivendo no Blog deles - e prometo não interferir no que eles têm a dizer, ok?! 

E seguimos na preparação do barco.. 











segunda-feira, 9 de maio de 2016

Sonho que se sonha junto é realidade

São Paulo, 9 de Maio de 2016.

Grandes expectativas, contagem regressiva, coração apertado, tudo junto e misturado.

Morar em um barco ?! Não... nunca tinha imaginado isso.
Mas sempre tive a vontade de conhecer o MUNDO. Não apenas viajando e ficando em hotéis, mas vivendo a fundo a cultura dos lugares, os costumes, as pessoas, enfim.. sentindo cada lugar.
E assim, o sonho do meu marido de viver em um veleiro virou o nosso sonho de conhecer o mundo. E então, começamos desde 2012 a planejar a nossa mudança de vida.

Nesses últimos anos levamos nossa vida na loucura de SP e em paralelo alimentamos o nosso sonho. Compramos nosso primeiro barco, o Lafitte, aonde tivemos finais de semana incríveis entre Ilhabela e Paraty - aumentando muito o nosso desejo de viver a bordo.

A escolha da escola americana das crianças em SP teve difícil adaptação no começo, mas foi fundamental para podermos hoje pensar na mudança de vida. A venda do nosso lindo apartamento que compramos na planta, acompanhamos a obra passo a passo e montamos com muito carinho... doeu, mas foi um grande passo na direção dos nossos planos.

Por fim, o falecimento do meu pai me mostrou que a vida é agora.. e que não devemos adiar os nossos sonhos.

Nesses últimos meses venho trabalhando a palavra desapego como nunca antes. Vendemos tudo, tudo mesmo, a casa hoje esta vazia. O que aprendi neste processo é que as coisas se foram, mas as lembranças ficaram - os sentimentos, os momentos, tudo está guardado.
E é exatamente o que eu também espero dessa nova fase da vida: acumular momentos e não coisas.

O fato de viver no mar - onde a comida, a água, a energia e o espaço são contados é uma forma de valorizar tudo o que temos na sua forma mais simples. Diferente da vida na cidade onde tudo é farto e esta sempre disponível. E é assim que eu quero que nossos filhos vivam esta experiência: dando valor as pequenas coisas. Para eles quero uma vida simples, de convívio familiar, de muita conversa, de brincadeiras e risadas. Que eles possam aproveitar intensamente esta experiencia e que levem este aprendizado para vida inteira.

Vou compartilhar com vocês aqui neste blog as minhas experiências, alegrias, dificuldades e principalmente a nossa transformação da vida na cidade para vida no mar. Acompanhem!