segunda-feira, 10 de abril de 2017

Nossa experiência pelas Bahamas.

Quando falamos em Bahamas as pessoas em geral pensam na ilha principal Nassau, local onde aportam vários daqueles mega Cruzeiros que vem de Miami. Mas, na verdade, essa ilha principal pouco tem a ver com o paraíso que estamos conhecendo.

Bahamas na verdade é um conjunto de ilhas que se estende desde o norte da República Dominicana até próximo aos Estados Unidos. São milhares de ilhas, várias desabitadas ou com poucas pessoas morando, algumas ilhas mais populosas e outras ilhas privadas, de milionários – destes que a gente vê em filme que chega de avião particular, helicóptero ou grandes iates mesmo.


De todas estas, a que mais nos encantou até agora foram as EXUMAS. Estamos passando dias inimagináveis e de encantamento por aqui. Cada ancoragem uma surpresa. Tubarões, tartarugas, arraias, conchas… Tudo isso faz parte dos nossos dias. Já nos acostumamos com a presença deles diariamente.




Final de janeiro saímos de Turks and Caicos e fomos subindo ilha por ilha das Bahamas. As primeiras nos surpreenderam pela força da natureza. De um lado, a paisagem azul turquesa de doer os olhos de tão claro, e de outro a destruição por todo lado com casas, entulhos, milhares de árvores arrancadas pela raiz. As Bahamas ficam na rota anual dos furacões, que começa em julho e vai até novembro. E todo ano alguma ilha é sorteada e sofre quase que uma destruição completa. Triste pensar nisso.
O resultado são Ilhas abandonadas com poucos moradores ainda por ali que se revezam para dar conta das necessidades básicas de sobrevivência. A caixa da mercearia trabalha também como a única enfermeira da ilha, a gasolina só se compra em galões, a comida vem uma vez por semana de barco e assim vai.


Mas, nem todas ilhas são assim. Outras são um pouco mais populosas  com pequenas vilas e pequeno comércio. Ao chegarmos, já percebemos que a nossa dispensa de comida era algo valioso e começamos a tratá-la com muito mais respeito. Mercado mesmo só encontramos em Georgetown, uma vila principal das Exumas.

Nela chegamos a pagar 2 dólares por um tomate. Tudo é vendido a preço de ouro. Fora esse mercado, apenas pequenas mercearias, que recebem mercadorias uma ou duas vezes por semana. A gente acaba se acostumando em ficar de olho, quando o navio aponta no horizonte é sinal que está chegando comida e é preciso correr para a pequena mercearia.
Sorte a nossa quando encontramos bananas, melão,frutas, legumes e verduras em geral, tomate vez ou outra vira tesouro por aqui. Carne? Esquece, se encontrar é uma fortuna.


Aprendi a ser bem criativa na cozinha. Comecei a elaborar novos cardápios e a tripulação aceitou muito bem. Fora o meu caçula, o Bruno, que é muito seletivo para comer e tem me dado um certo trabalho. Se dependesse dele se alimentaria de arroz, alface e cenoura o dia inteiro.
Apesar da dificuldade em encontrar variedades nós estamos nos alimentando muito melhor, biscoitos, pães, bolos.. tudo saindo da cozinha do Itacaré. Estamos consumindo menos comidas processadas e nos alimentando com comida de verdade.

A pescaria é outra coisa que ganhou força por aqui, não só pela alegria de conseguir pegar um peixão, mas principalmente porque garantimos várias refeições. Temos um pequeno freezer que organizamos da melhor forma possível para guardar nossas preciosidades. Lagostas e o delicioso Conch (molusco que cresce dentro de uma grande concha) também são super bem vindos, aliás são os queridinhos do Itacaré.

Outro item importante nas nossas vidas – e que quando morávamos na cidade pouco notávamos, é o nosso gás de cozinha. Por aqui não é fácil encher os nossos bujões. Pouquíssimas ilhas oferecem esse serviço, e quando tem, precisamos descobrir o dia que tem e uma forma de fazer isso. Lembrando que não temos carro, só bote e bicicleta e uma carona vez ou outra dado que por aqui tem sempre muitas pessoas querendo ajudar.

A nossa energia vem do nosso painel solar alimentado pelo sol que brilha quase todos os dias. Por aqui recebemos uma visita semanalmente, sem exceção, que são as frentes frias. Sempre que descem elas vem virando o tempo com chuva, vento e ondas. O bom é que sempre tem um lugar abrigado e a nossa vida transcorre normalmente a bordo. Só ficamos sem o sol e com chuva por um ou dois dias, no máximo.

As chuvas são super bem vindas também, pois lavam o barco e limpam o painel solar. E nesses dias algumas vezes precisamos ligar o motor para carregar as baterias e sempre, faça sol ou faça chuva, economizamos energia. Temos uma televisão que só é ligada na sessão de filme em família. Computador na bateria apenas quando necessário. Celular carregando apenas durante o dia.

Já a nossa água vem do mar, tanto pra beber, lavar louça, tomar banho ou cozinhar. Temos um dessalinizador que pega a água do mar, trata e a torna potável. O nosso tanque armazena água para uns 4/5 dias o que nos faz sempre ter que ligar o dessalinizador, e este consome energia, e muita.

Desperdício e consumismo passam longe, muito longe daqui, até porque não temos espaço. Damos muito valor a água, a comida, sol, chuva, uma boa pescaria e uma noite de fogueira. Nesses nossos dias por Bahamas estamos valorizando ainda mais as pequenas coisas.
Você já Imaginou o seu filho fazendo uma festa porque ganhou um lençol ? Pois é, os meus fizeram. Vai saber o que passa na cabecinha deles agora. O que vejo neles é que eles dão valor a tudo que nos cerca. A vida aqui é muito simples e hoje os desejos são outros. As pessoas que nos visitam sempre perguntam o que eles querem de presente E eles, geralmente, respondem:”um livro ou uma paçoquita”.

Nossos dias têm sido recheados de paisagens exuberantes, diversos tons de azuis, mergulhos inesquecíveis, e de muito aprendizado.

Bahamas (Exumas) como muitos amigos velejadores nos falaram.. é imperdível. É lindo! Está sendo fascinante viver nesse paraíso e aprender tanto com a natureza e com a vida de forma simples. Talvez um pequeno estágio para nossa travessia para o Pacífico! Estamos ficando animados com a ideia de cruzar todos os mares! O paraíso vicia e essa vida simples também.


domingo, 12 de março de 2017

Coragem para mudar o rumo da vida.

Estamos completando 8 meses de vida à bordo. E resolvi escrever sobre o que é encarar um grande desafio, uma extrema mudança de vida. Por que ainda hoje as pessoas perguntam se já nos adaptamos.
Bom, sair da zona de conforto, do seu país com os costumes, cultura e língua que nascemos e vivemos, sair da rotina do dia a dia, tudo no seu lugar, acordar, trabalhar, estar com os amigos, dormir, acordar… Por que e pra que mudar?Por um SONHO!
Sonho de acreditar que o verdadeiro sentido da vida não está em acumular dinheiro, coisas, status, poder. Acreditar que o que a gente leva dessa vida são as experiências que vivemos e que essa experiência pra gente vai muito além de conhecer o mundo e sim, conhecer pessoas, principalmente pessoas que também pensam como a gente.
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Quando pensamos em mudar de vida 5 anos atrás, colocamos em uma planilha tudo o que precisaríamos fazer para chegarmos ao nosso objetivo. Fomos eliminando um a um, focados apesar de vez ou outra a vida cotidiana tentar fazer a gente desistir.. um novo emprego, um aumento de salário, um bom apartamento, uma vida confortável..
mas focados seguimos em frente.
Enquanto estávamos vivendo esse projeto apenas os quatro em família, não tínhamos críticas e opiniões de outras pessoas, mas nos últimos 6 meses que tivemos que abrir o nosso sonho de vida muita gente nos questionou e não entendeu o porque e pra que viver isso. E a reação de todos sempre foi.. QUE CORAGEM!!!
Significado de Coragem
Confiança; força espiritual para ultrapassar uma circunstância difícil.
Perseverança; capacidade de enfrentar o desconhecido; determinação.
Coragem foi perseverar num sonho.



Quando se pensa em uma mudança, seja qual for, a gente tende a colocar na frente apenas as dificuldades e obstáculos que essa mudança vai trazer.. temos dificuldade de olhar pra frente e enxergar que o resultado pode ser uma grande experiência de vida. Pode dar errado? Pode. Mas, no mínimo, nossos filhos terão histórias para contar para os seus filhos.
Quando largamos a nossa vida em São Paulo para viver em um barco pelo mundo, nos lançamos ao desconhecido. Foi muita coragem! Sair da nossa vidinha, da nossa rotina, abrir mão do nosso salário, do nosso conforto, da nossa família… Não foi fácil. Mas está valendo cada dia, cada amigo que estamos fazendo, cada momento de alegria, preocupação e até medo.


Pois então, estamos aqui vivendo de verdade. Um dia de cada vez. O início, como todo início não foi fácil. Tivemos uns 3 meses de adaptação, até porque a mudança de vida foi um pouco brusca, principalmente para as crianças.
E depois de oito meses o que eu sinto é que hoje somos uma família que se fortaleceu imensamente. Que passamos a nos conhecer pelos olhares. Criamos um elo de ligação muito forte. E que os meus filhos estão sendo criados fora de uma caixa, vendo o mundo passar na frente deles. Convivendo com pessoas do mundo inteiro, vivenciando as diversas situações da vida à bordo, estão aprendendo a se virar, estão aprendendo a viver com pouco e dar valor às pequenas coisas. Todos nós estamos crescendo como pessoas e agora nos sentimos preparados para as próximas mudanças de vida. Não temos certeza do futuro, não temos ideia do que virá pela frente. Mas estamos felizes agora.
Sobre a coragem de mudar de vida, só depende de cada um. O medo de encarar o desconhecido todos temos, mas a cada vez que encaramos ficamos mais fortes e prontos para encarar o próximo desafio que virá pela frente. E que venham os próximos! Porque agora estamos nos sentindo mais livres do que nunca. Os sonhos continuam e novos projetos também.
E a família Itacaré segue sua viagem. Agora, estamos nas Bahamas, e o melhor desse projeto é não termos tempo e nem destino. Que os bons ventos nos levem para onde tivermos que ir.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Turks & Caicos.

Você já ouviu falar desse lugar? 
Bom, nós nunca tínhamos ouvido alguém falando em Turks and Caicos no Brasil.  E como viemos parar aqui? Foi por conta de uma promoção aérea.. kkkk, isso mesmo. O Rodrigo recebeu um e-mail com uma super promoção Brasil – Turks and Caicos e reenviou para família e amigos. E o resultado foi que duas famílias mais que queridas aproveitaram a promoção e nós viemos parar aqui. Sorte a nossa de conhecer esse lugar lindo e poder encontrar com pessoas que amamos.
Turks and Caicos é a porta de entrada das Bahamas. Aqui a cor do mar é incrível, daquela de capa de revista de viagem. Vários tons de azul. Ainda não tínhamos visto uma água tão azul assim.

A ilha principal do arquipélago é Providenciales, chamada de Provo.  A maior concentração de resorts fica numa praia em Provo a  Gracy Beach, que alguns classificam como a mais bonita do mundo.  É linda.. passamos dias incríveis nessa praia e em muitas outras por aqui. 


                                                                       Gracy Beach



                                                                Marina Blue Haven

  

As praias formam muitos bancos de areia, parece não ter fim, areia fininha e muito branca com a água super azul. Para as crianças é super recomendado, passavam horas correndo e brincando na água transparente  bem rasa sem nenhum risco.

Por aqui passamos o nosso primeiro Natal longe da família, não foi nada fácil. Mas, como sempre nessa vida no mar, conhecemos um casal de senhores de Israel que também está viajando de barco e que nos convidou para passarmos o dia 24 com eles. São judeus e fazem uma celebração toda especial com velas. Lucca e Bruno participaram ativamente ascendendo as velas e a noite foi seguida de muita cantoria, jantar, muitas histórias e aprendizado com essa família querida que nos acolheu nesse Natal de 2016.

No dia 26 de dezembro recebemos nossos amigos da Espanha: Fernando e Carola com seus 3 filhos.. imagina a alegria dos meninos?! Foram dias incríveis, animados e bem divertidos.



Festejamos o aniversário do Lucca no dia 27/12, ele completou 9 anos. E na hora de apagar as velas ele virou e disse.. “mamãe não tenho mais desejos.. já foram todos realizados, já estamos morando no barco, já passo os meus dias com as pessoas que mais amo e já ganhei o meu quebra cabeça com mais de 500 peças.” Ahhhh, esse menino vale ouro.

Os dias seguiram animados com 5 crianças a bordo, comemoramos a virada para 2017 como a gente sonhou durante anos, embarcados na nossa casinha.


No dia 03/01 nossos amigos seguiram e logo depois recebemos minha irmã com cunhado e sobrinhas..mais dias incríveis por aqui, com direito a muito caiaque, paddle, mergulho e kneeboarding. A água desse lugar é incrível e a todo momento nos convida para um mergulho.

Aqui podemos experimentar pela primeira vez o “conch”, um tipo  grande de molusco oceânico de carne branca e firme. Muitos nativos ficam à beira mar retirando o molusco que fica dentro de grandes conchas e depois você  pode experimentar a especiaria crua, assada, frita, ensopada..como quiser.  Experimentamos a frita com coco e aprovamos.

                                                                 Conch frita!!!

Bom, a família retornou para o Brasil deixando muita saudade aqui no Itacaré. Passamos um mês por aqui com o barco bem animado, conhecemos muitas praias, mergulhamos de snorkel em lugares incríveis, vimos tubarão, arraias, golfinhos, lagostas, conhecemos muitas pessoas…e agora precisamos seguir a nossa viagem.


                                                          Família amada!!!!

Turks and Caicos inicialmente não estava no nosso roteiro mas adoramos conhecer esse país e passar esse mês por aqui, valeu muito.

Estamos seguindo para Bahamas que também não fazia parte do roteiro, mas por sugestão, quase pressão, dos amigos velejadores não podíamos perder Exumas. E então borá lá..ver a tão imperdível Grand Exumas.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Porto Rico

Fizemos a travessia Bonaire – Puerto Rico em 2 dias e 19 horas com direito a mar calmo, tempestades, vento a favor, vento contra… De tudo um pouco. Chegamos, são e salvos! Ueeeepa!!
Puerto Rico é uma ilha que foi conquistada pelos espanhóis e depois dominada pelos EUA séculos depois – e você tem realmente a sensação de estar pisando nos EUA.
Não estávamos esperando muito de Puerto Rico, mas quando avistamos a ilha ainda de longe, ficamos encantados. Muitoooo verde, muitos coqueiros que nos fizeram lembrar das paisagens da nossa Mata Atlântica, no Brasil, e depois de ficarmos meses com as paisagens secas e áridas de Curaçao, fez bem aos olhos de toda tripulação.
Tudo aqui fica distante, sendo fundamental alugar um carro. As estradas são excelentes, nível do Tio Sam. Encontramos vários centros comercias daqueles que você estaciona o carro e faz a festa, tem de tudo! O preço também… de enlouquecer, como nos Estados Unidos.

Começamos conhecendo o Centro Antigo – Old San Juan – um Museu a céu aberto, com ruelas de paralelepípedos azuis, únicos no mundo trazidos pelos espanhóis no século XVI. Tem também casas, a Catedral de San Juan, o muro que cerca a região, tudo conservado..valendo sair andando para respirar um pouco de história e tomar um banho de cultura.

Castillo San Felipe del Morro e Castillo de San Cristobal são uma viagem no tempo, contando a história de tantas batalhas vividas entre espanhóis e holandeses. Da pra passar um dia inteiro por lá.
Escolhemos um dos restaurantes pelas ruazinhas de paralelepípedos, comemos o mofongo, um prato típico regional feito com massa de banana verde e recheios variados. Comi e gostei! Também tomamos um Pina Colada com o rum Porto riquenho, parte do passeio cultural.
No dia seguinte fomos conhecer El Yunque Rainforest – uma floresta tropical repleta de cachoeiras. Nossa família sempre foi do mar, mas também curtimos muito o verde e as cachoeiras de água gelada e doce. Esse passeio foi muito curtido após meses sem sentir o cheiro de mato molhado e escutar o som de uma queda d’agua. Os meninos estavam ansiosos pelo mergulho, e nós também.
O lugar é incrível com tudo muito bem organizado, com muitas áreas para picnic e mapas pra todos os lados mostrando as várias opções de caminhadas e trilhas. Procuramos fazer o caminho mais indicado para crianças, caminhamos por uns 30 minutos e no final a recompensa foi uma linda cachoeira de água cristalina.
Também conhecemos Luquillo, uma praia com vários restaurantes de comida regional um colado no outro. Escolhemos o Edelweiss Grill, com um mega aquário cheio de lagostas vivas na porta, e foi uma ótima experiência. Fomos atendidos pela própria dona e ela gentilmente resolveu a nossa dúvida sobre o cardápio e que comida escolher. Como era um dia chuvoso e o restaurante estava vazio ela nos trouxe a cada 10 minutos pequenas provas de suas especialidades. Comida incrivelmente deliciosa e atendimento nota 10.
Falando nisso, é exatamente esse atendimento que nós encontramos em Puerto Rico em geral – não somente em lojas ou restaurantes, mas sim com todas as pessoas que cruzamos até aqui. Tivemos sempre um sorriso, um “Hello” amistoso e pessoas sempre dispostas a ajudar.
Depois de alguns passeios por Puerto Rico resolvemos levar a nossa casa para as Ilhas próximas: Vieques, Culebra e Culebrita.
Nossa primeira parada foi Vieques, que tem uma das lagoas mais famosas de Luminescência com passeios noturnos de caiaque e paddle. Infelizmente, o tempo não nos ajudou. Choveu muito durante a noite. Mas conseguimos fazer o passeio durante o dia entre os canais que mais parecem um labirinto, uma paz entre tanta natureza.
Curtimos bastante estar no meio do nada rodeado pelo verde. Vimos aqui o nosso primeiro tubarão da viagem. Foi visto pelos meninos junto com mais de 20 arraias e um peixe piloto. Ficaram alucinados.
Aqui já não podemos mergulhar livremente, como fazíamos antes, pois o mar é mais selvagem e tem uns peixes grandes que rodam o nosso barco. Brincar sossegado só mesmo na areia da praia, e nada de ficar dando sopa para tubarão.
Seguimos viagem para Culebra, uma pequena ilha que fica 4 horas de distância de Vieques. No caminho pegamos as maiores ondas da viagem até aqui.  Rodrigo dizia que tinha uns 2 a 3 metros. Para mim parecia muito mais. Bateu um frio na barriga, mas a confiança foi total no Capitão.
Chegamos em Culebra e diferente de Vieques que o visual era mais selvagem e natural – por aqui temos  outros barcos a nossa volta com casais e famílias, que moram também a bordo.
No primeiro happy hour já fizemos amizade com uma família alemã e outra americana, ambas com crianças. Um dos lados bons de se morar no barco é justamente esse – a gente conhece muitas pessoas do mundo inteiro e a amizade é sempre imediata. Incrível.
Participamos pela primeira vez de um aniversário na praia. Um amiguinho americano de Montana estava fazendo 6 anos. Tivemos a tradicional piñata recheada de doces. Os meninos adoraram!

E enquanto as crianças brincavam os pais trocavam suas experiências, falando dos seus países e das suas vivências. Bom demais, estamos amando viver isso.
No dia seguinte tiramos as nossas bikes dobráveis do barco e fomos explorar Culebra. Os meninos vão em pé na garupa curtindo a paisagem e a gente vai pedalando. Um barato! Sendo motivo para as pessoas na rua irem dando um sorriso e vez ou outra pararem para puxar papo.
Culebra é uma ilha pequena e tem um único mercado – ou melhor um container mercado. Isso mesmo! Você entra dentro de um container e acreditem, encontra de tudooo. Aqui tem apenas uma padaria, pouquíssimos restaurantes, uma candy shop lindinha e um mar azul incrível.
E por falar em mar… esse foi o forte da ilha pra gente. Fizemos ancoragens incríveis em praias desertas de um azul “Caribe” indescritível.
Não vimos nenhum tubarão por aqui. Melhor assim, mas vimos e pescamos várias barracudas das grandes. Usamos muito a nossa prancha de paddle e fizemos muitos mergulhos de snorkel.
Culebrita e Flamenco beach entraram para nossa lista das melhores praias até aqui, lindas, de água muito clara e areia branca e fina – destas que são capa de revista do Caribe. Pra quem quiser visitar as ilhas de Puerto Rico eles têm serviço de ferry boat diariamente e vale muito a pena.
Ah, as crianças estão cada dia mais envolvidas com a vida no mar. Os jogos eletrônicos quase não têm mais espaço por aqui. Quando não estão mergulhando agarrado ao pai e brincando na praia, passam horas montando quebra-cabeça, jogando xadrez e vez ou outra lutando uma grande batalha no WAR – esse passou a ser o jogo preferido do Lucca.
A homeschooling está a cada semana fluindo melhor. Aos poucos, fomos encontrando a melhor forma para todos, buscando diminuir a carga horária por dia e dividindo o tempo entre as manhãs e as tardes, intercaladas com muitos mergulhos e passeios.
Nos próximos dias deixaremos Puerto Rico e seguiremos para Turks & Caicos, porta de entrada das Bahamas. O nosso Natal será por lá e receberemos amigos e familiares que vão passar um tempo no ITACARÉ.


Turks & Caicos

Turks and Caicos. 

Você já ouviu falar desse lugar? Bom, nós nunca tínhamos ouvido alguém falando em Turks and Caicos no Brasil.  E como viemos parar aqui? Foi por conta de uma promoção aerea.. kkkk, isso mesmo. O Rodrigo recebeu um e-mail com uma super promoção Brasil - Turks and Caicos e reenviou para família e amigos. E o resultado foi que duas famílias mais que queridas aproveitaram a promoção e nós viemos parar aqui. Sorte a nossa de conhecer esse lugar lindo e poder encontrar com pessoas que amamos. 

Turks and Caicos é a porta de entrada das Bahamas. Aqui a cor do mar é incrível, daquela de capa de revista de viagem. Vários tons de azul. Ainda não tínhamos visto uma água tão azul assim. A ilha principal do arquipélago é Providenciales, chamada de Provo.  A maior concentração de resorts fica numa praia em Provo a  Gracy Beach, que alguns classificam como a mais bonita do mundo.  É linda.. passamos dias incríveis nessa praia e em muitas outras por aqui. As praias formam muitos bancos de areia, parece não ter fim, areia fininha e muito branca com a água super azul. Para as crianças é super recomendado, passavam horas correndo e brincando na água transparente  bem rasa sem nenhum risco. 

Por aqui passamos o nosso primeiro Natal longe da família, não foi nada fácil. Mas, como sempre nessa vida no mar conhecemos um casal de senhores de Israel que também está viajando de barco e que nos convidou para passarmos o dia 24 com eles. São judeus e fazem uma celebração toda especial com velas. Lucca e Bruno participaram ativamente ascendendo as velas e a noite foi seguida de muita cantoria, jantar, muitas histórias e aprendizado com essa família querida que nos acolheu nesse Natal de 2016. 

No dia 26 de dezembro recebemos nossos amigos da Espanha: Fernando e Carola com seus 3 filhos.. imagina a alegria dos meninos?! Foram dias incríveis, animados e bem divertidos. 

Festejamos o aniversário do Lucca no dia 27/12, ele completou 9 anos. E na hora de apagar as velas ele virou e disse.. "mamãe não tenho mais desejos.. já foram todos realizados, já estamos morando no barco, já passo os meus dias com as pessoas que mais amo e já ganhei o meu quebra cabeça com mais de 500 peças." Ahhhh, esse menino vale ouro. 

Os dias seguiram animados com 5 crianças a bordo, comemoramos a virada para 2017 como a gente sonhou durante anos, embarcados na nossa casinha. 

No dia 03/01 nossos amigos seguiram e logo depois recebemos minha irmã com cunhado e sobrinhas..mais dias incríveis por aqui, com direito a muito caiaque, paddle, mergulho e kneeboarding. A água desse lugar é incrível e a todo momento nos convida para um mergulho. 

Aqui podemos experimentar pela primeira vez o "conch", um tipo  grande de molusco oceânico de carne branca e firme. Muitos nativos ficam à beira mar retirando o molusco que fica dentro de grandes conchas e depois você  pode experimentar a especiaria crua, assada, frita, ensopada..como quiser.  Experimentamos a frita com coco e aprovamos. 

Bom, a família retornou para o Brasil deixando muita saudade aqui no Itacaré. Passamos um mês por aqui com o barco bem animado, conhecemos muitas praias, mergulhamos de snorkel em lugares incríveis, vimos tubarão, arraias, golfinho, lagostas, conhecemos muitas pessoas...e agora precisamos seguir a nossa viagem. 

Turks and Caicos inicialmente não estava no nosso roteiro mas adoramos conhecer esse país e passar esse mês por aqui, valeu muito. 

Estamos seguindo para Bahamas que também não fazia parte do roteiro, mas por sugestão, quase pressão, dos amigos velejadores não podíamos perder Exumas. E então borá lá..ver a tão imperdível Grand Exumas. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Aventuras em Bonaire, uma ilha paradisíaca

Curaçao, 10 de Outubro de 2016.

Bonaire é uma ilha pequena, com um mar azul turquesa incrível, uma Vila gostosa, com clima de veraneio e cheia de pessoas simpáticas. O lugar respira “diving” com vários pontos de mergulho espalhados e devidamente marcados ao longo da ilha. A coisa é tão comum que as pessoas param o carro, atravessam a rua, cruzam a praia andando com o equipamento nas costas e entram na água para o mergulho.

Passamos o mês inteiro de setembro em Bonaire e só levamos boas recordações. Os nossos dias começavam às 7h30 com a escola, parávamos para um intervalo intercalado entre lanche e mergulhos, e nossas manhãs encerravam com um almoço no barco ou uma vez por semana com o prato do dia em um restaurante em frente onde estamos parados.

A temporada é de muito calor e quando podíamos escapar para um ar condicionado era um alívio pra família e passávamos horas curtindo o fresquinho. A sorveteria também entrava na nossa rotina do dia e também acostumamos a passar algumas horas por lá. Bem ampla, com mesas confortáveis e um ar condicionado maravilhoso… passamos a chamar ela de “nosso escritório”, e por vezes chegávamos com computador, livros, iPads e de lá “trabalhávamos” confortavelmente.

Em frente à Bonaire está Klein Bonaire, uma ilhota plana com vários pontos de mergulho, a água é incrível. Por diversos dias deslocamos o barco para frente da ilha e passamos o dia lá mergulhando por horas. A ilha também oferece duas churrasqueiras para os turistas e a gente que adora um churrasquinho, claro que fizemos o nosso por lá e curtimos um lindo dia de praia com amigos do mar.
Alugamos um carro por dois dias e aproveitamos para rodar por toda a ilha. Conhecemos JaibeCity, um lugar super gostoso ao sul com barzinho que da para passar horas estirado na cadeira olhando as pessoas praticando windsurf ou kitesurf. É daquelas praias que você anda, anda, anda e a água não passa da cintura. Os meninos adoraram.

Passeamos também por salinas, por um parque ecológico que você entra de pick-up e vê paisagens incríveis, muitas iguanas, cabritos e lagos salgados com muitos flamingos.

Grande parte de Bonaire é inabitada… O que é fácil de entender afinal, como a ilha é muito plana o visual é desértico com muita terra seca e mata espinhenta. Difícil imaginar um bicho vivendo e se criando por lá (exceção as iguanas e cabritos que parecem se adaptar muito bem ao estilo do lugar).

Mas o que encanta mesmo nesse lugar é o mar, a sensação é de estarmos em um aquário natural dado tamanha variedade de peixes, corais e vida marinha em geral. Os peixes e tartarugas são tão inocentes que quase tocam na gente. Em baixo do nosso barco formou-se uma grande colônia de peixes variados que sempre se aproximam na espera de um pedaço de pão… um pouco mais e vamos dar nome a cada um deles.

Muitos dias os meninos não queriam passear na vila para apenas ficar mergulhando da proa do barco e explorar o fundo de snorkel.

Gastamos nosso tempo também com passeios de caiaque, rodando os pontos de mergulho na frente da vila e aproveitando para catar o lixo do fundo que vez ou outra encontrávamos.

Incrível como os meninos estão se desenvolvendo. Parece que a cada dia estão maiores e mais espertos. Estão aprendendo muito não só com homeschooling, mas principalmente com tudo o que está a nossa volta.

Todos os dias surge uma curiosidade diferente: “…como surgiu Bonaire?”… ou “por que aquela ilha surgiu ali?”, e por horas nos embrenhamos nas explicações e damos exemplos, estimulando as crianças a pensarem em suas próprias respostas. Incrível ver os olhinhos brilhando com um mundo novo de informações sendo descoberto.

Nossa ideia inicial era ficar em Bonaire até meados de outubro, mas com a previsão da chegada de um furacão no meio do Caribe decidimos antecipar nossa ida para Curaçao onde o abrigo é mais seguro.

Escolhemos ficar no sul do Caribe justamente por ser protegido de furacões. E quando eles passam por perto atinge sempre mais de 200km de distância, o que já provoca vento e ondas maiores mas sem muitos danos. Bonaire, apesar de estar na mesma altura (latitude) de Curaçao pode sofrer um pouco mais, pois se o vento inverter de direção o local da ancoragem e a vila principal ficam muito expostos, e por isso antecipamos nossa partida.

A conclusão é que nossa prudência valeu a pena. As previsões se confirmaram… o furacão passou longe, Bonaire tomou ondas de frente e não vimos nada, pois estávamos seguramente amarrados em uma Marina em Curaçao, muito bem abrigada de vento e mar.

A temporada de furacões se encerra em novembro, data em que devemos rumar norte para Porto Rico, Ilhas Virgens e Bahamas.

Nesse mês de outubro estamos aguardando a visita de nossos parentes aqui em Curaçao. E a saudade aqui já está grande.



















sábado, 10 de setembro de 2016

O Maior Desafio

Bonaire, 10 de Setembro de 2016

Estamos entrando no terceiro mês da vida a bordo. Já estamos bem adaptados com a casa flutuante e com a rotina do dia a dia. Nossa vida até aqui vinha no ritmo de férias... Mas tudo mudou semanas atrás com o reinício do ano escolar. Talvez este seja o maior desafio que enfrentamos até o momento. 

Optamos pela Calvert School - uma escola americana de ensino à distância (homeschooling) muito usada por outros cruzeiristas. Recebemos todo o material via correio em Curaçao com caixas e caixas de livros e apostilas de matemática, ciências, literatura, história, geografia, artes, etc.

Junto com todo o material também recebemos um manual para os pais com instruções e dicas diárias de como explicar a matéria detalhadamente para eles. Muito interessante a proposta. Mas um grande desafio na verdade pra pessoas como a gente - sem experiência no assunto.

Eu e o Rodrigo nunca tínhamos dado uma aula. Nunca tínhamos pensado na ideia de fazer isso um dia. Além de darmos a matéria em Inglês, precisamos que eles mantenham a atenção voltada para o assunto e que realmente entendam o que está sendo dado. Isso, dentro de um barco... cheio de diversão a volta e com um mar cristalino te convidando a dois passos de distância.

A primeira semana não foi fácil, o calor, as ondulações, a dor de barriga, fome, o xixi, o barulho da gaivota, um peixe pulando, o cansaço... tudo foi motivo usado por eles para tentar parar as aulas. Chegamos no fim da primeira semana desanimados e pensando "...acho que isso não vai dar certo."

Todos os dias eles fazem matemática, spelling, composição e reading. Ciências, geografia, estudos sociais e história da Grécia são intercaladas. Eles também fazem bastante atividades via web e isso ajuda a dar uma quebrada na aula também. Todo fim de dia eles fazem também via internet um "checkpoint" no site da escola - uma espécie de provinha - pra testar e medir se apreenderam o que foi dado no dia.

E com o tempo e com a dinâmica das matérias se repetindo diariamente, aos poucos, um dia por vez, a coisa foi se encaixando e fomos todos pegando o jeito. No início demorávamos de 8 da manhã as 5 da tarde e ainda sim não conseguíamos finalizar todas as matérias do dia. Mas agora já estamos conseguindo concluir o dia até a hora do almoço.

Eu e Rodrigo estamos nos dividindo entre as matérias e intercalando com os meninos. O Rodrigo tem muita habilidade para ensinar sempre buscando dar exemplos de alguma coisa que está a nossa volta ou algo que já vivemos algum dia. Tem futuro como professor. Já eu, fico colocando a matéria em gráficos coloridos para que eles possam visualizar o que foi dado e fazemos sempre um review do dia anterior. 

Todas as funções no barco foram deixadas de lado nesse momento e estamos entrando de cabeça nessa nova e grande etapa. E nisso Bonaire também está sendo perfeito pois estamos amarrados confortavelmente em uma poita (boia) a cerca de 40 metros de um Pier com uma bela Vila com comércio a nossa volta. Inclusive tem uma sorveteria muito boa que temos usado como premiação para quem consegue cumprir bem suas obrigações. Ou seja, bem confortável para podermos focar nos estudos.

Pra finalizar... Depois de viver intensamente esta experiência passamos a entender ainda mais o valor e o desafio que tem os professores. Fica aqui toda o nosso agradecimento, admiração e respeito a todas as pessoas que se dedicam a essa tarefa tão especial e tão difícil que é educar.


Bruno assistindo videos e fazendo o checkpoint da Calvert on line. Diariamente eles entram
na internet fazem o " checkpoint"  do dia (um tipo de pequena prova para confirmar o aprendizado do dia)